Revestimentos e paleta em tons terrosos fazem ode à geologia do Brasil
Inspirada pela diversidade dos solos brasileiros, a arquiteta Daniela Funari foi a responsável pelo lounge de entrada e bilheteria, intitulado como “Solos”, da CASACOR São Paulo 2024.
Com o objetivo de refletir a base geológica do Brasil através de recursos da arquitetura, a profissional apostou em um layout e decoração que acompanham as cores e texturas encontradas em diferentes regiões.
“Nosso país é fonte riquíssima de inspiração para arquitetos e artistas celebrarem toda essa diversidade pulsante em suas criações”, destaca Daniela.
O ambiente de 130 m² de extensão, com um pé-direito duplo, recebe a bilheteria, hall de entrada, chapelaria e a passagem que conduz os visitantes ao circuito da mostra.
“Foi uma enorme responsabilidade e uma honra desenvolver esse projeto onde introduzi recursos que viabilizam a fluidez do público no entrar e sair”, define a arquiteta.
O projeto comporta um generoso pórtico, em sincronia com amplas estantes vazadas que acompanham o desenho do edifício. Em cada prateleira, itens decorativos como vasos cerâmicos, peças com tramas naturais e esculturas em tons neutros e terrosos ditam a paleta de cores seguida por todo o ambiente.
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O revestimento em cor terroso, uma longa bancada instalada na parede da chapelaria em material natural oriundo do Paraná e o mármore em tom terracota-avermelhado das cadeiras da bilheteria e recepção são alguns dos destaques.
Em frente à recepção, um lounge acolhedor dá as boas-vindas a todos os visitantes. Um sofá extenso desenhado por Maurício Bomfim, um jogo de mesas circulares e um banco curvo foram incluídos para promover o bem-estar.
De acordo com Daniela, as peças orgânicas possuem o propósito de transmitir leveza e movimento.
A escolha das cores partiu de um estudo aprofundado das estruturas geográficas que compõem o DNA do Brasil: a base clara do piso de porcelanato em formato 120 x 120 cm e das paredes na cor Lugar de Afeto foram inspiradas nas dunas e areias do Nordeste e do Tocantins, no Norte país.
“No layout orgânico do espaço, a parede ondulada nos remetesse às dunas dos Lençóis Maranhenses”, conta a arquiteta.
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Já a manifestação do terracota, tão marcante na chapelaria, expressa as terras vermelhas (também chamadas de roxas) do interior de São Paulo e Sul de Minas Gerais, e foi fielmente expressada pela composição das chapas de MDF na cor Rosa Glamour, revestimento cerâmico e a pintura em efeito velvet da cor Café Místico.
Bruna de Mari foi a responsável pelo paisagismo tropical, projetando o jardim lateral no lounge e adicionando diversos vasos na parte interna da bilheteria – com espécies nativas como Heliconias Alpineas, Clusias, Palmeiras Areca Bambu e Orelha de Elefante e Ravenalas, Pleomeles Limão, Grandes Ravenalas, Alpineas, Clusias e Colocasias.
Peças de artistas brasileiros, que utilizam elementos naturais para a composição, também foram adicionadas ao ambiente.
“Pensei nessa curadoria como uma maneira de apresentar as diversas facetas do Brasil em sua arte contemporânea. As obras foram cuidadosamente dispostas em pontos estratégicos para que possam ser admiradas em qualquer direção”, detalha Daniela.
Para a parede do hall de entrada e do jardim, uma obra escultural em lã, com 30 cm de profundidade, exalta o trabalho têxtil do artista pernambucano Mauro Frazão.
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Um amplo tapete geométrico, assinado por Rapha Preto, intitulado como “Coragem, adorna o lounge. Já na parede orgânica, que encerra o ambiente e conduz os visitantes para a chapelaria, uma série de quadros de Annike Limborço reforça a importância da geologia e da natureza brasileira.
“Tudo conversa entre si: os móveis com as cores, as cores com os acabamentos, os acabamentos com as texturas e formas da edificação e, ao final, o todo com as obras de arte. E tudo isso se solidifica como um presente para o público refletir sobre as urgências do agora”, finaliza a profissional.