Com uma longa tradição na arquitetura, o taco é um dos revestimentos mais populares do Brasil, desde a década de 1960, muito por conta de sua durabilidade, conforto e beleza natural. Mantendo-se relevante mesmo com o surgimento de novos materiais, essa opção, que foi ressignificada, segue associada à sofisticação e ao bom gosto, visto que era muito utilizada em residências e edifícios de alto padrão.
E, com o retorno do estilo rústico para as tendências do momento, as arquitetas do escritório Dantas & Passos Arquitetura vem mostrar o porquê de o piso de taco continuar sendo um elemento tão inestimável.
“Ele é sinônimo de tradição e de uma elegância clássica. No entanto, é preciso se atentar para escolher bem o tipo de madeira, o acabamento, a instalação e até os cuidados especiais que o taco exige. Para quem acha que o seu piso antigo não serve mais, saiba que é possível sim recuperar o charme da madeira”, ressaltam as profissionais Danielle Dantas e Paula Passos.
Tipos de madeira em piso de taco
Existem diversas espécies de madeira empregadas, cada uma com características próprias. Por isso, Danielle cataloga quatro tipos:
- De ipê: conhecido por sua resistência e tonalidade escura, ideal para ambientes mais sóbrios;
- De peroba-rosa: com tom rosado, traz leveza e calor para o espaço;
- De jatobá: madeira mais dura, com um tom avermelhado que dá um toque de luxo;
- De cumaru: com uma cor dourada, é bastante resistente a impactos.
Cada espécie de madeira demanda cuidados específicos que são citados pelos fornecedores ou empresas especializadas na manutenção. Ademais, os pisos de taco podem ser instalados em diferentes padrões e acabamentos que influenciam diretamente no visual decorativo do ambiente.
“O design chevron é atemporal por seu acabamento mais moderno e cortes angulados que formam um contínuo zig-zag. Já o tipo espinha de peixe é outro que se perpetua por seu efeito dinâmico, quando o de escama de peixe confere um visual mais artístico”, relatam as arquitetas.
Quanto ao acabamento, elas sugerem o envernizamento, procedimento que concede uma camada protetora que previne danos como mofo, umidade e cupins. O verniz fosco tem potencial mais natural e contemporâneo, enquanto o acetinado oferece um brilho suave que reflete a luz. Por outro lado, a versão brilhante entrega um acabamento espelhado que é ideal para quem busca um visual mais luxuoso.
Vantagens do piso de taco
Ademais, o piso entrega uma série de outros benefícios, os quais Paula ressalta: durabilidade, como é visto nos pisos de madeira instalados no século XX, pois quando bem cuidados, perduram até os tempos atuais; a valorização do imóvel, já que o taco é sempre muito valorizado no mercado imobiliário; de pegada sustentável, especialmente quando a madeira é proveniente de fontes certificadas, contribuindo para a preservação ambiental; e a sensação de aconchego térmico em função do toque de calor da madeira.
“Ainda na questão da sustentabilidade, o reaproveitamento de tacos antigos em novos projetos ou a reciclagem da madeira para outros usos contribuem para a redução do desperdício. A madeira é um recurso renovável, desde que manejada de forma responsável, e trabalhar por produtos certificados é uma contribuição efetiva da arquitetura com vistas à preservação das florestas e a redução do impacto ambiental”, reforçam as arquitetas da Dantas & Passos Arquitetura.
Manutenção e recuperação de problemas comuns no piso de taco
Limpeza rotineira:
Para a limpeza cotidiana, a arquiteta Danielle Dantas sugere uma vassoura de cerdas macias para remover a poeira sem arranhar o piso, sendo necessário limpá-la para evitar que sujeiras grudadas nas cerdas também não prejudiquem o taco. No que diz respeito ao aspirador de pó, ela recomenda a parcimônia de escolher os acessórios específicos para eliminar o atrito que pode comprometer a aparência do taco.
No caso de sujeiras mais pensas, Paula Passos diz que basta um pano levemente umedecido com água morna e detergente neutro diluído. “É importante evitar o excesso de água, pois a madeira não tolera umidade”, orienta. Ao final, um pano seco remove qualquer resíduo de umidade.
Tacos soltos:
Diante desse problema, o ideal é contratar um técnico especializado para garantir um resultado de qualidade. Há ainda uma solução caseira, onde se retira o taco solto, faz-se a raspagem do fundo com uma espátula para eliminar resíduos para então aplicar cola de madeira antes de reposicionar a peça solta. Nessa execução, a dupla salienta que é preciso proteger a área com fita e aguardar 48 horas para secagem completa.
Nos processos de restauração, é primordial ater-se às especificidades do trabalho, como o lixamento da superfície e a combinação da cor e acabamento dos tacos novos com os antigos. “Se a combinação não for possível, uma alternativa é retirar tacos de uma área menos visível e trazê-los para essa parte de mais visibilidade”, compartilham arquitetas da Dantas & Passos.
Entretanto, se muitos tacos estão soltos ou danificados, o caminho é substituí-los completamente, mas não antes de identificar a causa do problema, que comumente envolve a umidade.
Riscos no taco:
Para os danos leves, a receita é misturar partes iguais de vinagre branco e óleo de cozinha e aplicar a solução com um pano macio e em movimentos circulares. “O óleo reidrata a madeira, ajudando a disfarçar os riscos. Para riscos mais profundos, o ideal é lixar a área danificada e reaplicar o verniz”, explica Danielle.
A raspagem é uma possibilidade. Assim remove-se a madeira para eliminar imperfeições e preparar o piso para uma nova aplicação de verniz. Esse procedimento pode ser realizado várias vezes ao longo da vida útil do taco, renovando a aparência sem a necessidade de substituição.
Frestas no taco:
Os vãos permitem a entrada de sujeira, água e fungos, representando riscos à saúde dos moradores e a estrutura do imóvel. O caminho mais comum é a calafetação que ajuda a infiltrações e proporciona uniformidade ao piso. A massa é aplicada com espátula ou desempenadeira e, após a secagem, é lixada para nivelar a superfície. “O procedimento é essencial tanto para pisos novos, quanto para os restaurados, garantindo longevidade e a manutenção diária”, finalizam as profissionais.