A arquiteta, ativista e presidente do “Instituto Fazendinhando”, Ester Carro, estreia na CASACOR São Paulo 2023 com um ambiente repleto de referências da sua história, indo no cerne de sua origem e trazendo as memórias de sua vida na comunidade do Jardim Colombo, que faz parte do Complexo de Paraisópolis, Zona Oeste de São Paulo.

Casa com beliche, mesa com banco e armário com grafismos.

Seu espaço, nomeado “MOTIRÕ”, é um espaço de voz a quem luta por vida, sensibilização para o morar periférico e potência de habilidades ancestrais. Em tupi-guarani, o termo faz referência à “reunião de pessoas para colher ou construir algo juntos, uns ajudando os outros”.

Sala de jantar com mesa e banco cinza, armário com grafismos.
<span class=”hidden”>–</span>André Mortatti/CASACOR

O ambiente, que traz o conceito da luta pelo todo, é descrito como “Coletivo, conecta mãos para construir. É esperança, pois cada detalhe e intervenção foram criados pensando no futuro, no cuidado e nas adaptações que o habitar contemporâneo necessita. MOTIRÕ alimenta o corpo, inspira a alma e promove a reutilização de materiais, conectando de forma singela com o natural. Por fim é a cor que da vida.”, segundo Ester.

Cozinha com armários com grafismos indígenas.
<span class=”hidden”>–</span>André Mortatti/CASACOR

Resgatando sua ancestralidade com a cultura indígena, o espaço traz um olhar educativo, principalmente para quem mora nas periferias em ambientes pequenos, com soluções que poderão facilitar a vida das famílias. Aqui, o apoio de cada fornecedor se tornou fundamental para as decisões da arquiteta.

Tijolos e pilar com grafismos.
<span class=”hidden”>–</span>André Mortatti/CASACOR

Além de celebrar a parceria com a CASACOR que se iniciou há três anos, em 2020, o espaço MOTIRÕ também sintetiza o trabalho realizado no “Instituto Fazendinhando”, apresentando, de forma singela, o uso de técnicas sustentáveis como a captação e reutilização da água da chuva e peças de revestimento com reaproveitamento de outros materiais.

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Parte dos revestimentos está sendo aplicado pelas Fazendeiras, mulheres capacitadas pelos projetos do Fazendinhando, parte delas que participaram do programa Mulheres na Cor, em parceria com as Tintas Coral, e o Papelão Joia, fortalecendo a rede de mulheres na área de construção civil.

Waxamani Mehinako, artista indígena que valoriza e resgata os grafismos quase extintos, também marca presença com painéis exclusivos instalados em um mobiliário desenhado pensando nas casas de comunidades, realizado em parceria com o Estúdio Claudia Moreira Salles, Estúdio Buriti e Tintas Coral.

Outros mobiliários foram desenhados pela própria arquiteta, alguns deles executados em parceria com a Oficina 64, sempre pensando nos desafios das casas de comunidades, com pouco espaço e distribuições difíceis.

Casa com beliche, mesa com banco e armário com grafismos.

“O ambiente, com aproximadamente 34m², representa muito bem o que é uma casa em uma favela, mostrando que é possível uma família morar de maneira digna em um espaço desses. É uma inspiração que depois compartilharei com a comunidade. A necessidade de uma assistência técnica nas moradias é muito importante, e o acesso a esse serviço tem que ser o mais democratizado e acessível, seja por universidades, na formação de seus alunos, ou profissionais já formados”, comenta Ester, presidente do Instituto Fazendinhando.

Esse ambiente vem com muitas surpresas que apontam para uma luta por dignidade e qualidade de vida, em especial dos moradores do Jardim Colombo, comunidade em que cresceu e continua fazendo história por meio de ações sociais.

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