Cerâmicas artesanais compõem o tampo da mesa desta cozinha repleta de azul
Para celebrar os 10 anos do escritório Mandril Arquitetura, o arquiteto Bruno Reis e a designer de interiores Helena Kallas toparam um desafio e tanto: criar – literalmente do zero e em menos de dois meses – um ambiente conceituado no tema “De presente, o agora” em um espaço de 55 m² para a CASACOR SP 2024.
O projeto da Cozinha Torno teve como um dos pontos de partida para a concepção a experiência vivida pela duplas no Ateliê Cerâmica e Cia, modelando barro com o instrumento que veio a dar nome ao ambiente. O aprendizado de uma técnica milenar que exige, sobretudo, atenção plena, proporcionou à dupla a produção, especialmente para a mostra, de uma coleção de vasos e bases de luminária, assim como dos revestimentos cerâmicos artesanais que compõem o tampo da mesa – elemento central do espaço.
Na cozinha, as peças autorais assumem o protagonismo e convidam o visitante a se fixar no presente, como acontece no manuseio do torno, a contemplar o momento atual, com olhar atento e reflexivo. O torno também está representado pela aposta nas linhas curvas, que surgem essencialmente em detalhes da marcenaria executada pela SCA, como a que embala a coifa e as laterais do armário da ilha “molhada”.
As formas torneadas ainda estão em uma das extremidades do tampo da mesa – estruturado em serralheria – e no encosto das clássicas cadeiras “Tião”, de Sérgio Rodrigues, garimpadas na Galeria Téo. Restauradas, as peças têm novo estofado com trabalho realizado pela Bela Ideia, em tecido azul.
A cor, aliás, é outro destaque e aparece em diferentes materiais e tons. Uma das paredes foi pintada com a cor “Índigo Profundo”, da Coral. O azul também está nas pastilhas da Keramika, sobre a bancada “quente”, na tapeçaria setentista de Luiz Carlos Alberti, do acervo da Galeria Verniz, e nas pinceladas do revestimento do tampo da mesa. E a escolha dessa cor tem um motivo especial. Ela está diretamente ligada com as lembranças que os sócios têm de suas respectivas avós e, consequentemente, com suas ancestralidades. Enquanto a avó do Bruno sempre usava a expressão “tudo azul” para dizer que estava bem, a avó da Helena a “cobria” com um manto azul para transmitir proteção.
Um grande aparador com bandeja de couro abriga, à esquerda da entrada, além das cerâmicas criadas a mão pela dupla, peças de antiquário, também da Galeria Téo, entremeadas pelo trabalho delicado da Fiori de Maria Ateliê Botânico, que criou todos os arranjos do ambiente. No lado oposto, as cerâmicas Invechiatto Champagne – Linha Terracota, da Lepri, revestem parte do piso, parede, forro e sanca, emoldurando a tapeçaria.
As demais paredes e o restante do teto foram pintadas com a cor Cetim Oriental, também da Coral. Completa o revestimento do piso o porcelanato Gales, da Portinari. Bancada e frentes do armário da ilha são de Dekton Nacre – Linha Kraftizen Collection, fornecido pela Cosentino e manuseado pela Neogran. Da Deca são os metais (cuba e misturador); e da LG, os eletrodomésticos. Ao fundo, o elemento vazado projetado em marcenaria permite a entrada de luz natural, por entre plantas de espécies variadas (dracena, palmeira pinanga, pleomele fita, jibóia, hera e dinheiro em penca), criando no ambiente um jogo de sombras, atmosferas e sensações.
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O ambiente também privilegia o design nacional contemporâneo com o banco Benjamim, de Gustavo Bittencourt, a luminária pendente E-cone, de Carolina Maluhy, e as arandelas Eclipse, de Fernando Prado, ambas comercializadas pela Lumini, de onde também vem os spots. O projeto luminotécnico é assinado pelo arquiteto Eduardo Lemos, do Estúdio Iluminação.