Segundo a arquiteta Júlia Guadix, à frente do Studio Guadix, uma arquitetura acolhedora envolve compreender cada tipo de público e espaço. O caminho é buscar os elementos que adicionam leveza, receptividade e aconchego.

“No processo do projeto, a primeira etapa é me aprofundar na história do meu cliente. Sempre falo que as pessoas são únicas, então suas casas também devem ser únicas. Gosto de me aprofundar na dinâmica da sua família, rotinas e preferências de cada um. Preciso entender o que é essencial, o que é inegociável. E assim, ao longo do projeto, consigo traduzir na casa o significado de acolhimento para cada cliente ”, explica.

Confira os pontos analisados por Júlia:

Materiais e revestimentos

Sala de jantar em varanda integrada com canto alemão estofado.
Projeto de Studio Guadix.Guilherme Pucci/Divulgação

Para elaborar esses espaços afáveis, a profissional recomenda a escolha de materiais que transmitam sensação de calor – não aquele indicado no gradiente de um termômetro, mas sim sob a ótica emocional. Por exemplo, um porcelanato com padrão de madeira, assim como o tijolinho, caem muito bem em diversos locais diversos de casa.

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Closet integrado com sala de banho é o destaque de apê de 100 m². Projeto de Blaia e Moura Arquitetura. Na foto, sala de jantar, luminária, mesa de madeira, parede bege.
Projeto de Blaia e Moura Arquitetura.Fernando Crescenti/Divulgação

“Gosto de limitar os azulejos ao interior do box e atrás da bancada da cozinha e, em muitos casos apenas até a altura necessária, evitando um excesso que pode tornar o ambiente mais frio”, aconselha.

Materiais naturais como madeira e palha também se somam neste propósito, assim como texturas presentes nos tecidos de cortinas, cabeceiras estofadas, sofás confortáveis e mantas, entre outras possibilidades.

Paleta de cor para trazer aconchego

Loft de 83 m² pensado para o acolhimento tem cama e sofás exclusivos. Projeto de Daniela Schmitt para a CASACOR SC 2024. Na foto, quarto em tons terrosos, cabeceira estofada.
Projeto de Daniela Schmitt para a CASACOR SC 2024.Fabio Jr Severo/Growth Global/Divulgação

Quanto à paleta de cores, tons quentes tendem a proporcionar mais amparo, no entanto é possível alcançar um ambiente com linguagem semelhante por meio de tons menos saturadas e com fundo quente. Ao invés de vermelho vibrante, de acordo com a arquiteta, um tom terracota alcança um resultado muito mais acolhedor e menos estimulante.

Iluminação confortável

7 dicas para deixar a decoração da casa mais aconchegantes. Projeto de Studio Guadix. Na foto, sala de estar iluminada.
Projeto de Studio Guadix.Guilherme Pucci/Divulgação

Para Júlia, valorizar tanto a iluminação natural quanto a artificial é essencial. No que diz respeito às fontes de luz, a arquiteta indica sempre o branco quente, entre 2700K e 3000K, mesmo para ambientes como cozinha, lavanderia, banheiro ou escritório, e lembra que a tonalidade e a intensidade da iluminação são características diferentes e é possível iluminar bem com luzes branco quente. Ainda de acordo com ela, luzes indiretas, rebatidas no teto ou nas paredes e lâmpadas com cúpulas com filtros deixam tudo muito mais hospitaleiro.

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Acústica

Sala de estar com parede de tijolinhos e sofá em L cinza
Projeto de Studio Guadix.Guilherme Pucci/Divulgação

A ausência de conforto acústico é uma questão que provoca bastante incômodo. Conforme explica a arquiteta, ambientes vazios ou com muitas superfícies lisas e polidas provocam ecos que podem ser resolvidos por meio da adição de tapetes, cortinas, mobiliário e o revestimento de paredes. Já para conter os sons externos, é possível que sejam necessárias intervenções estruturais como a substituição de janelas comuns por modelos com melhor isolamento acústico.

Cartonagem dupla nas paredes garante silêncio no quarto deste apê. Projeto de Danyela Corrêa. Na foto, cama, roupa de cama azul, armário com porta espelhada.
Quarto traz cartonagem dupla nas paredes para garantir conforto acústico. Projeto de Danyela Corrêa.Erika Waldmann/Divulgação

Se o problema for o barulho derivado por vizinhos, ela indica soluções mais drásticas como método “box-in-box” que consiste em criar uma camada de isolamento no forro, piso e paredes.

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“É como se estivéssemos construindo uma caixa dentro do apartamento”, exemplifica. “Porém, em apartamentos compactos, essa estrutura acaba por comprometer a área útil, dado que perdemos de 7 a 15cm em cada contra-parede, forro ou contra piso acústico”, adverte.

Móveis confortáveis

Sala de estar pequena com sofá cinza e parede branca ripada.
Projeto de Studio Guadix.Guilherme Pucci/Casa.com.br

Conforme indica Júlia, a etapa do décor percorre uma linha tênue entre o minimalismo e maximalismo exacerbado, sempre com foco na concepção de ambientes que reflitam quem vive ali, mas sem sobrecarregar os sentidos.

Com paleta ancorada no preto, apê tem painel ripado e piso de porcelanato. Projeto de Rebeca de França. Na foto, sala de estar, sofá curvo bege, plantas.
Projeto de Rebeca de França.Denilson Machado, MCA Estúdio/Divulgação

O mobiliário também desempenha papel importante e a sugestão é optar por peças com cantos com ausência de quinas e estofados, bem como a presença sempre bem-vinda de almofadas e mantas. “Puxadores diferenciados e molduras nas portas da marcenaria também acrescentam essa delicadeza que buscamos”, analisa.

Dicas extras para um ambiente acolhedor

Reforma de apê de 142 m² valoriza vista para Mata Atlântica e cria cozinha integrada. Projeto de Ketlin Amorim. Na foto, varanda, cadeira, plantas.
Projeto de Ketlin Amorim.André Nazareth/Divulgação

No capítulo objetos de decoração, a arquiteta aponta a predileção por aqueles que trazem alegria e significado afetivo como peças de família, lembranças de viagens ou fotos que registram momentos especiais. Apaixonada por plantas, ela afirma não abrir mão de tê-las dentro de casa, assim como matérias-primas como a madeira, palha e linho.

Questione as tendências

Por fim, Júlia ressalta que ninguém é obrigado a seguir as tendências se não fizerem sentido para quem vai viver ali. “Temos visto muitas poltronas e sofás mais arredondados, robustos e com texturas agradáveis como buclê ou veludo que são especialmente acolhedores, ainda mais no clima frio. Tons de terracota e elementos com estética dos anos 1970 também estão em alta e trazem um charme especial. Essas são características que trazem aconchego. Então, se te brilhar os olhos, aproveite que temos bastante opção de móveis e decorações para trazer acolhimento para a sua casa”, finaliza.

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