Fotógrafa captura criaturas de plástico parecidas com o yeti
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Um yeti feito de materiais descartáveis no meio da natureza: foi essa a ideia que a fotógrafa californiana Laura Thompson teve para sua série Senseless (“Sem sentido”, em português), que se baseia na mitologia de mitos urbanos para retratar o deslocamento entre a sociedade e o ambiente natural.

Thompson se interessou em um estudo de Claude Lévi-Strauss que descreve como membros de uma determinada tribo podiam ver Vênus em plena luz do dia. Segundo ele, essa era uma habilidade que os marinheiros ocidentais tinham no passado, mas perderam com o tempo, uma vez que não a usam mais para navegar.

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“Com base em vários estudos antropológicos e científicos, observou-se que, à medida que as pessoas se tornaram mais dependentes da tecnologia e da ciência modernas, os sentidos das pessoas gradualmente diminuíram e se deslocaram com o ambiente natural”, diz Thompson.

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Inspirada pelos trajes e máscaras usados nas culturas animistas e xamãs, a fotógrafa buscou representar a mediação entre o mundo humano e o mundo animal ou espiritual, assim como a mitologia do pé grande.

Ela criou uma fantasia diferente para cada um dos sentidos, usando garfos de plástico artificial, tampões de ouvidos, luvas de vinil, purificadores de ar e espelhos compactos. Depois, fotografou uma figura não identificável usando os trajes, sozinha em um ambiente natural como algum tipo de criatura mítica.

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Ao The British Journal of Photography, Thompson contou que ficou surpresa ao descobrir que não nascemos com a capacidade inata de sentir as coisas. “Desenvolvemos quando crianças, nossos sentidos se adaptam às especificidades do ambiente”, conta. “Os avanços na tecnologia trazem passividade. Certas partes do nosso cérebro não se desenvolvem porque a tecnologia está lá fazendo tudo por nós”.

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A criatura de Thompson foi consumida por nossa sociedade materialista a ponto de não poder mais sentir nada – ela tenta voltar à natureza apenas para descobrir que é tarde demais e que está presa entre esses dois mundos.

“Não é bem humano; não é bem animal, tem essa qualidade intermediária, esse desconforto. As pessoas que tentam voltar à natureza também têm esse sentimento – você pode tentar, mas não consegue chegar lá”, finaliza a fotógrafa.

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